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Para o Ayurveda, um item importantíssimo para o organismo funcionar bem é o agni – ele é essencial para o corpo humano, correspondendo ao elemento fogo (que transmuta a matéria, convertendo madeira em pó, assim os antigos entendiam que teríamos um fogo interno transformando alimento em nutrientes e excretas). Corresponde ao Sol, à chama, à energia interna capaz de promover a percepção, a ação e a expressão, sendo estes os atributos da consciência humana.

Entre todos os agnis (temos até fogo no cérebro, transformando os estímulos visuais em impressões, de acordo com nossas crenças e vivências), o mais importante é o fogo digestivo – Jatharagni, termo que vem da raiz sânscrita que significa barriga, abdômen. Está relacionado com as enzimas digestivas do estômago e do intestino delgado. Ou seja, ele é responsável pela capacidade da nossa digestão e aparece em diferentes estágios no nosso organismo, dependendo do Dosha predominante:

  • Agni elevado – Pitta. Pessoas possuidoras de forte apetite e com boa capacidade digestiva, não ganhando peso com facilidade.
  • Agni baixo – Kapha. Possuidores de pouco apetite, mas constante. Baixo metabolismo que favorece o ganho de peso com facilidade.
  • Agni variável – Vatta. Apetite variável de acordo com o estado emocional, oscilando entre fome excessiva e a falta de apetite

Para manter o agni equilibrado, optamos por alimentos que contenham a natureza do fogo (quente), como temperos picantes – gengibre, pimenta-do-reino, cominho. É importante também perceber se o “fogo está aceso” durante e depois da digestão. E a recomendação aqui é a auto-observação. Como estou sentindo esse alimento – leve ou pesado? Quente ou frio? Como fico depois de uma hora da refeição – fiz digestão e estou leve? Ou percebo uma distensão abdominal e tenho sensação de peso?

Outro ponto a ser respeitado nesse processo é a necessidade de realizar a próxima refeição – estou realmente com fome? E, para o bom funcionamento do agni, o Ayurveda recomenda – espere ter fome para comer. Para que essa energia interna atue de forma mais eficaz no nosso corpo, os tratamentos ayurvédicos também recomendam outros procedimentos, como jejum, panchakarma (veja link no fim do texto), massagens, sauna e exercícios de respiração (pranayamas). Eles também aumentam o fogo digestivo, ou seja, a capacidade do corpo de metabolizar e eliminar as toxinas (ama) acumuladas e presas nos tecidos.

Quando o agni é suficiente no organismo, as toxinas não permanecem no corpo. Os processos de assimilação, nutrição e absorção acontecem sem esforço. Doshas e emoções ficam em perfeita harmonia e equilíbrio. A mente e os sentidos se mantêm claros, estimulando para mudanças positivas no direcionamento da vida. O agni desequilibrado inibe o sistema imunológico e favorece o aparecimento de distúrbios de origem psicossomática. Provoca rigidez mental, peso estomacal, emoções negativas e deficiência nas percepções.

Portanto, um apetite moderado, regular, acompanhado de boa digestão, é sinal de boa saúde – física e emocional. As combinações corretas dos alimentos recomendadas pelo Ayurveda são fundamentais para esse quadro saudável e positivo. O Agni é uma força em constante mudança. Equilibrá-lo é uma tarefa diária e contínua, mas muito saborosa, eu te garanto.

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